FOTO-EXPEDIÇÃO:
AS PAISAGENS VULCÂNICAS DE SÃO MIGUEL, AÇORES
| 06 de setembro, 2020
#Ciência #Geologia #Açores #SãoMiguel
No oceano — a meio caminho entre a Europa e a América do Norte — redescobrimos os Açores e a imponente Ilha de São Miguel. A sua história natural, forjada da Terra, ecoa neste registo fotográfico, composto pela nossa equipa durante a expedição de fevereiro de 2020.
O ARQUIPÉLAGO
DOS AÇORES
Centrais ao Atlântico Norte, as nove ilhas dos Açores surgem dispostas numa linha NW-SE, com uma extensão aproximada de 600km. O arquipélago está localizado em torno da Junção Tripla dos Açores, onde se intersetam as placas africana, euro-asiática e norte-americana. As ilhas têm origem vulcânica, alimentadas por materiais ascendentes associados a um postulado hotspot junto à Dorsal Mesoatlântica.
Imagem: Terra Satellite / NASA
A GEOGRAFIA VULCÂNICA
DE SÃO MIGUEL
A maior e mais populosa das ilhas dos Açores, São Miguel resulta de uma sucessão contínua de eventos vulcânicos que se estendem desde o Plioceno até aos nossos dias. Cada um destes momentos moldou o atual terreno, resultando numa geomorfologia acidentada, repleta de crateras, vertentes íngremes e picos altos, todos eles evidência da interação turbulenta entre a superfície da Terra e o manto subjacente.
Sete unidades vulcanológicas funcionam como alicerces da ilha: o Complexo Vulcânico do Nordeste, a mais antiga (0.95 – 4.01 M.a), procedente de atividade efusiva e fissural; o Complexo Vulcânico da Povoação, relativo ao vulcão homónimo; o Vulcão de Água de Pau, com a Lagoa do Fogo no seu centro; o Vulcão Sete Cidades, formador do território ocidental; o Sistema Vulcânico Fissural do Congro; o Vulcão das Furnas, o mais recente dos vulcões ativos de São Miguel; o Sistema Vulcânico Fissural dos Picos, mais recente de todas as unidades (0 – > 31.000 anos B.P).
LAGOA
DO FOGO
Situada no coração de São Miguel, esta impressionante caldeira formou-se a partir de sucessivos eventos de explosão e colapso no interior do Vulcão de Água de Pau. A sua forma atual tem génese num último colapso, ocorrido há cerca de 5.000 anos. Esta delimita o lago da cratera mais elevado em toda a ilha, situado a 575 metros acima do oceano.
| 37°46’9.15″N — 25°29’18.56″W
Portugal > São Miguel > Vila Franca do Campo / Ribeira Grande
PONTA
DA FERRARIA
Marcando o ponto mais ocidental da ilha, este delta lávico surgiu quando um fluxo subaério de lava — originário de uma erupção vizinha (Camarinhas) — atingiu as águas do Atlântico. O consequente promontório é dominado por basaltos ʻA’ā afiados, assim como por Pāhoehoe mais liso, e é permeado por fontes termais que aquecem o mar junto à costa.
| 37°51’38.44″N — 25°51’9.55″W
Portugal > São Miguel > Ponta Delgada
LAGOA
DO CANÁRIO
Inserido no maciço das Sete Cidades, este pequeno lago de cratera ilustra um interessante exemplo da miríade de estruturas semelhantes que existem em torno da Serra Devassa. As encostas circundantes, densamente cobertas por criptomérias (Cryptomeria japonica), abrigam um corpo de água calmo e oval, de margens lamacentas.
| 37°50’7.70″N — 25°45’32.77″W
Portugal > São Miguel > Ponta Delgada
ILHÉU DE
VILA FRANCA
Originário de uma erupção subaquática de pequena profundidade, o ilhéu de Vila Franca pode ser facilmente observado a partir de São Miguel, a uma distância de cerca de 500 metros da costa. Este cone vulcânico surtseiano, fortemente erodido, é recortado por uma cratera circular com 30 metros de profundidade, conectada ao oceano por uma abertura no seu setor nordeste.
| 37°42’19.91″N — 25°26’37.67″W
Portugal > São Miguel > Vila Franca do Campo
REGIÃO
DOS PICOS
Estendendo-se por cerca de 23 km entre os vulcões das Sete Cidades e de Água de Pau, o Sistema Vulcânico Fissural dos Picos constitui o sistema mais recente em toda a ilha. Desvanecendo-se na névoa, esta paisagem revela um grupo com cerca de 300 cones de escórias, suavemente dividido por sebes e campos agrícolas.
| 37°47’34.03″N — 25°38’49.94″W
Portugal > São Miguel
LAGOA DAS
SETE CIDADES
Preenchendo uma imponente caldeira — com cerca de 4,5 km de diâmetro — este sistema de lagoas assinala o ponto central do maciço com o mesmo nome. As altas paredes circundantes testemunham o colapso de um vulcão compósito adormecido, circunscrevendo vários cones vulcânicos secundários, bem como outros lagos de cratera de menor dimensão.
| 37°51’24.46″N — 25°47’23.48″W
Açores > São Miguel > Ponta Delgada
LAGOA
DAS FURNAS
Famosa pelo seu sistema hidrotermal, esta lagoa constitui o aspecto mais visível do vulcão das Furnas. Nascentes minerais e campos de fumarolas pontuam a sua margem norte, consequência da interação entre águas subterrâneas e o magma subjacente. Duas erupções recentes marcam a história deste vulcão: uma, em 1439, e outra, em 1630.
| 37°45’32.18″N — 25°20’0.08″W
Portugal > São Miguel > Povoação
PONTA DA
MADRUGADA
As paisagens do Noroeste de São Miguel estão intimamente ligadas à Região da Tronqueira e ao ponto mais alto da ilha: o Pico da Vara. Aqui podemos assistir aos vestígios da região mais antiga de São Miguel — o Complexo Vulcânico do Nordeste — e explorar os seus vales íngremes e falésias proeminentes.
| 37°47’20.94″N — 25° 8’46.93″W
Açores > São Miguel > Nordeste
UMA ILHA PINTADA A
VERDE E CINZA
Parte integrante do Grupo Oriental dos Açores, juntamente com a Ilha de Santa Maria e o Ilhéu das Formigas, São Miguel está situada no extremo oriental da Plataforma dos Açores. Posicionada em relativa proximidade da Zona de Fractura Açores-Gibraltar, e intersetada pelo rifte da Terceira, esta ilha encontra-se naturalmente sujeita a elevados níveis de atividade vulcânica e sísmica, mesmo até aos dias de hoje.
Isolada no Atlântico, a 80 km da ilha mais próxima e a mais de 1360 km do continente europeu, São Miguel é fortemente influenciada pelas correntes e ventos oceânicos, a mais importante das quais a Corrente do Golfo. O resultante clima ameno deu origem a uma paisagem verdejante, originalmente dominada por florestas laurissilvas, de influência macaronésica, que prosperaram nesta geografia vulcânica durante milhares de anos. A presença humana — implantada na segunda metade do século XV — mudou o território e sua ecologia autóctone, perpetuando a agricultura, a silvicultura, a pastorícia e as urbanização nas velhas terras de São Miguel.
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FOTO-EXPEDIÇÃO:
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#Ciência #Geologia #Açores #SãoMiguel
No oceano — a meio caminho entre a Europa e a América do Norte — redescobrimos os Açores e a imponente Ilha de São Miguel. A sua história natural, forjada da Terra, ecoa neste registo fotográfico, composto pela nossa equipa durante a expedição de fevereiro de 2020.
O ARQUIPÉLAGO
DOS AÇORES
Centrais ao Atlântico Norte, as nove ilhas dos Açores surgem dispostas numa linha NW-SE, com uma extensão aproximada de 600km. O arquipélago está localizado em torno da Junção Tripla dos Açores, onde se intersetam as placas africana, euro-asiática e norte-americana. As ilhas têm origem vulcânica, alimentadas por materiais ascendentes associados a um postulado hotspot junto à Dorsal Mesoatlântica.
Imagem: Terra Satellite / NASA
A GEOGRAFIA VULCÂNICA
DE SÃO MIGUEL
A maior e mais populosa das ilhas dos Açores, São Miguel resulta de uma sucessão contínua de eventos vulcânicos que se estendem desde o Plioceno até aos nossos dias. Cada um destes momentos moldou o atual terreno, resultando numa geomorfologia acidentada, repleta de crateras, vertentes íngremes e picos altos, todos eles evidência da interação turbulenta entre a superfície da Terra e o manto subjacente.
Sete unidades vulcanológicas funcionam como alicerces da ilha: o Complexo Vulcânico do Nordeste, a mais antiga (0.95 – 4.01 M.a), procedente de atividade efusiva e fissural; o Complexo Vulcânico da Povoação, relativo ao vulcão homónimo; o Vulcão de Água de Pau, com a Lagoa do Fogo no seu centro; o Vulcão Sete Cidades, formador do território ocidental; o Sistema Vulcânico Fissural do Congro; o Vulcão das Furnas, o mais recente dos vulcões ativos de São Miguel; o Sistema Vulcânico Fissural dos Picos, mais recente de todas as unidades (0 – > 31.000 anos B.P).
LAGOA
DO FOGO
Situada no coração de São Miguel, esta impressionante caldeira formou-se a partir de sucessivos eventos de explosão e colapso no interior do Vulcão de Água de Pau. A sua forma atual tem génese num último colapso, ocorrido há cerca de 5.000 anos. Esta delimita o lago da cratera mais elevado em toda a ilha, situado a 575 metros acima do oceano.
| 37°46’9.15″N — 25°29’18.56″W
Portugal > São Miguel > Vila Franca do Campo / Ribeira Grande
PONTA
DA FERRARIA
Marcando o ponto mais ocidental da ilha, este delta lávico surgiu quando um fluxo subaério de lava — originário de uma erupção vizinha (Camarinhas) — atingiu as águas do Atlântico. O consequente promontório é dominado por basaltos ʻA’ā afiados, assim como por Pāhoehoe mais liso, e é permeado por fontes termais que aquecem o mar junto à costa.
| 37°51’38.44″N — 25°51’9.55″W
Portugal > São Miguel > Ponta Delgada
LAGOA
DO CANÁRIO
Inserido no maciço das Sete Cidades, este pequeno lago de cratera ilustra um interessante exemplo da miríade de estruturas semelhantes que existem em torno da Serra Devassa. As encostas circundantes, densamente cobertas por criptomérias (Cryptomeria japonica), abrigam um corpo de água calmo e oval, de margens lamacentas.
| 37°50’7.70″N — 25°45’32.77″W
Portugal > São Miguel > Ponta Delgada
ILHÉU DE
VILA FRANCA
Originário de uma erupção subaquática de pequena profundidade, o ilhéu de Vila Franca pode ser facilmente observado a partir de São Miguel, a uma distância de cerca de 500 metros da costa. Este cone vulcânico surtseiano, fortemente erodido, é recortado por uma cratera circular com 30 metros de profundidade, conectada ao oceano por uma abertura no seu setor nordeste.
| 37°42’19.91″N — 25°26’37.67″W
Portugal > São Miguel > Vila Franca do Campo
REGIÃO
DOS PICOS
Estendendo-se por cerca de 23 km entre os vulcões das Sete Cidades e de Água de Pau, o Sistema Vulcânico Fissural dos Picos constitui o sistema mais recente em toda a ilha. Desvanecendo-se na névoa, esta paisagem revela um grupo com cerca de 300 cones de escórias, suavemente dividido por sebes e campos agrícolas.
| 37°47’34.03″N — 25°38’49.94″W
Portugal > São Miguel
LAGOA DAS
SETE CIDADES
Preenchendo uma imponente caldeira — com cerca de 4,5 km de diâmetro — este sistema de lagoas assinala o ponto central do maciço com o mesmo nome. As altas paredes circundantes testemunham o colapso de um vulcão compósito adormecido, circunscrevendo vários cones vulcânicos secundários, bem como outros lagos de cratera de menor dimensão.
| 37°51’24.46″N — 25°47’23.48″W
Açores > São Miguel > Ponta Delgada
LAGOA DAS
SETES CIDADES
Famosa pelo seu sistema hidrotermal, esta lagoa constitui o aspecto mais visível do vulcão das Furnas. Nascentes minerais e campos de fumarolas pontuam a sua margem norte, consequência da interação entre águas subterrâneas e o magma subjacente. Duas erupções recentes marcam a história deste vulcão: uma, em 1439, e outra, em 1630.
| 37°45’32.18″N — 25°20’0.08″W
Portugal > São Miguel > Povoação
PONTA DA
MADRUGADA
As paisagens do Noroeste de São Miguel estão intimamente ligadas à Região da Tronqueira e ao ponto mais alto da ilha: o Pico da Vara. Aqui podemos assistir aos vestígios da região mais antiga de São Miguel — o Complexo Vulcânico do Nordeste — e explorar os seus vales íngremes e falésias proeminentes.
| 37°47’20.94″N — 25° 8’46.93″W
Açores > São Miguel > Nordeste
UMA ILHA PINTADA A
VERDE E CINZA
Parte integrante do Grupo Oriental dos Açores, juntamente com a Ilha de Santa Maria e o Ilhéu das Formigas, São Miguel está situada no extremo oriental da Plataforma dos Açores. Posicionada em relativa proximidade da Zona de Fractura Açores-Gibraltar, e intersetada pelo rifte da Terceira, esta ilha encontra-se naturalmente sujeita a elevados níveis de atividade vulcânica e sísmica, mesmo até aos dias de hoje.
Isolada no Atlântico, a 80 km da ilha mais próxima e a mais de 1360 km do continente europeu, São Miguel é fortemente influenciada pelas correntes e ventos oceânicos, a mais importante das quais a Corrente do Golfo. O resultante clima ameno deu origem a uma paisagem verdejante, originalmente dominada por florestas laurissilvas, de influência macaronésica, que prosperaram nesta geografia vulcânica durante milhares de anos. A presença humana — implantada na segunda metade do século XV — mudou o território e sua ecologia autóctone, perpetuando a agricultura, a silvicultura, a pastorícia e as urbanização nas velhas terras de São Miguel.