OKEANOS_OO1:
EXPEDIÇÃO AO LITORAL DA INGRINA, VILA DO BISPO
| 22 de setembro, 2020
#Ciência #Biologia #Ecologia #Okeanos #Ingrina
A primeira expedição do projeto Okeanos na temporada 2020/21 levou-nos à costa Sul de Vila do Bispo e à pequena enseada da Ingrina. Este é o testemunho da ecologia marinha presente no seu litoral, aqui revelada pela nossa equipa através de um registo fotográfico.
A ENSEADA
DA INGRINA
Situada na baía que se estende entre o Zavial e a Praia do Barranco, a Ingrina materializa-se numa angra rochosa, aberta entre dois promontórios calcários e coroada por um pequeno areal. A costa oriental, mais acidentada e elevada, contrasta com o campo de lapiás que se prolonga na direção de Sagres, a ocidente.
| 37° 2’47.03″N — 8°52’44.56″W
Portugal > Faro > Vila do Bispo > Raposeira
UM DIA DE MERGULHO
EXPERIMENTAL
Esta foi a primeira expedição a ser concluída na presente temporada do Okeanos (2020/21), paralela às expedições no Burgau e na Luz, também elas realizadas no Barlavento Algarvio. A atividade de campo ocorreu numa única data — 10 de agosto — e permitiu-nos testar a implementação do projeto nesta nova área de estudo.
O mergulho durou cerca de uma hora e meia e levou-nos a explorar o promontório oriental, assim como parte da outra margem da enseada. A baixa agitação marítima e temperatura amena do mar, fixada em torno dos 20ºC, facilitaram a operação, providenciando boa visibilidade na coluna de água e conforto prolongado para a equipa.
Pouco tempo após a entrada no oceano, a paisagem subaquática da Ingrina revelou-se em toda a sua cor e profundidade. Estruturas rochosas fragmentadas, pontuadas pela presença de flora marinha, apresentaram-se repletas de vida animal. No limiar intertidal, espécies de fundo misturam-se com a chegada de outros organismos na subida da maré.
UMA REUNIÃO
PERSISTENTE
Presença comum na área inundada da zona entre-marés, um cardume de sargos-legítimos juvenis (Diplodus sargus) congrega-se sobre as rochas, alimentando-se de pequenos crustáceos, moluscos e algas. Indivíduos adultos prospetam também este espaço, tornando-se mais conspícuos à distância da costa.
Profundidade: -0.3m | Temperatura: 19.8ºC | Pressão: 1,048 hPa
SOB UM
OLHAR ATENTO
Imóvel sobre o fundo rochoso da Ingrina, um caboz-da-rocha (Gobius paganellus) dá uso ao padrão camuflado das escamas de modo a esbater a sua silhueta. A nossa presença não passa, porém, despercebida e uma maior aproximação resulta numa fuga energética, fruto do batimento rápido da cauda.
Profundidade: -1.5m | Temperatura: 19.4ºC | Pressão: 1,172 hPa
UM LABIRINTO
DE ROCHAS
Intermitentemente submersos, grandes troços de rocha calcária afloram no interface entre-marés da Ingrina. A ação erosiva do mar, do vento e das chuvas cria a superfície perfeita para a confluência de organismos sésseis e móveis, como é o caso das diferentes espécies de lapa que se afixam no substrato rochoso.
Profundidade: -0.1m | Temperatura: 19.4ºC | Pressão: 1,021 hPa
CONFRONTO
PRÓXIMO
Extremamente territorial, uma marachomba-babosa (Parablennius gattorugine) avança na nossa direção, confrontando a câmara com a intenção de defender qualquer invasor do seu território. A proximidade permite observar a sua coloração intrincada, assim como os apêndices ramificados que ostenta sobre os olhos.
Profundidade: -0.5m | Temperatura: 20.6ºC | Pressão: 1,061 hPa
UM SERENO ESPAÇO
DE CRESCIMENTO
A paisagem submarina da Ingrina, composta pela mistura de fundos rochosos e arenosos, muitas vezes intercalados em fendas e concavidades, funciona como local ideal à maturação de diferentes espécies de peixe oceânico. A baixa profundidade e constante fluxo de nutrientes atraem animais juvenis próximo da costa.
Profundidade: -0.8m | Temperatura: 20.1ºC | Pressão: 1,146 hPa
VESTÍGIOS DE
NEGLIGÊNCIA
Na Ingrina, a presença humana é facilmente observável, dentro e fora da coluna de água. Impactos claros, como o descarte de lixo sobre o oceano, são visíveis ao longo do mergulho e em situações imprevisíveis, como é o caso destas tubagens, rapidamente assimiladas por cracas e outros organismos.
Profundidade: -0.3m | Temperatura: 20.6ºC | Pressão: 1,045 hPa
PRIMEIRAS
CONCLUSÕES
A Praia da Ingrina ilustra um interessante exemplo da ecologia litoral na costa algarvia. A sua geomorfolgia recortada, em muito fruto da litologia sedimentar cársica, serve como um bom ponto de comparação com as duas outras áreas de estudo da região. Em termos de conservação, esta enseada levanta algumas problemáticas, em muito alimentadas pelo excesso de turismo, atividades de recreio e pesca submarina, algo que pretendemos ilustrar com maior profundidade em expedições futuras.
A equipa do Okeanos planeia regressar à Ingrina já no próximo semestre com a missão de explorar uma maior área litoral. Saiba mais sobre o projeto e conheça os objetivos da presente temporada em: www.kosmonaus.org/pt/okeanos
ARTIGOS
RECENTES


OKEANOS_OO1:
EXPEDIÇÃO AO LITORAL DA INGRINA, VILA DO BISPO
| 22 de setembro, 2020
#Ciência #Biologia #Geologia #Okeanos #Ingrina
A primeira expedição do projeto Okeanos na temporada 2020/21 levou-nos à costa Sul de Vila do Bispo e à pequena enseada da Ingrina. Este é o testemunho da ecologia marinha presente no seu litoral, aqui revelada pela nossa equipa através de um registo fotográfico.
A ENSEADA
DA INGRINA
Situada na baía que se estende entre o Zavial e a Praia do Barranco, a Ingrina materializa-se numa angra rochosa, aberta entre dois promontórios calcários e coroada por um pequeno areal. A costa oriental, mais acidentada e elevada, contrasta com o campo de lapiás que se prolonga na direção de Sagres, a ocidente.
| 37° 2’47.03″N — 8°52’44.56″W
Portugal > Faro > Vila do Bispo > Raposeira
UM DIA DE MERGULHO
EXPERIMENTAL
Esta foi a primeira expedição a ser concluída na presente temporada do Okeanos (2020/21), paralela às expedições no Burgau e na Luz, também elas realizadas no Barlavento Algarvio. A atividade de campo ocorreu numa única data — 10 de agosto — e permitiu-nos testar a implementação do projeto nesta nova área de estudo.
O mergulho durou cerca de uma hora e meia e levou-nos a explorar o promontório oriental, assim como parte da outra margem da enseada. A baixa agitação marítima e temperatura amena do mar, fixada em torno dos 20ºC, facilitaram a operação, providenciando boa visibilidade na coluna de água e conforto prolongado para a equipa.
Pouco tempo após a entrada no oceano, a paisagem subaquática da Ingrina revelou-se em toda a sua cor e profundidade. Estruturas rochosas fragmentadas, pontuadas pela presença de flora marinha, apresentaram-se repletas de vida animal. No limiar intertidal, espécies de fundo misturam-se com a chegada de outros organismos na subida da maré.
UMA REUNIÃO
PERSISTENTE
Presença comum na área inundada da zona entre-marés, um cardume de sargos-legítimos juvenis (Diplodus sargus) congrega-se sobre as rochas, alimentando-se de pequenos crustáceos, moluscos e algas. Indivíduos adultos prospetam também este espaço, tornando-se mais conspícuos à distância da costa.
Profundidade: -0.3m | Temperatura: 19.8ºC | Pressão: 1,048 hPa
SOB UM
OLHAR ATENTO
Imóvel sobre o fundo rochoso da Ingrina, um caboz-da-rocha (Gobius paganellus) dá uso ao padrão camuflado das escamas de modo a esbater a sua silhueta. A nossa presença não passa, porém, despercebida e uma maior aproximação resulta numa fuga energética, fruto do batimento rápido da cauda.
Profundidade: -1.5m | Temperatura: 19.4ºC | Pressão: 1,172 hPa
UM LABIRINTO
DE ROCHAS
Intermitentemente submersos, grandes troços de rocha calcária afloram no interface entre-marés da Ingrina. A ação erosiva do mar, do vento e das chuvas cria a superfície perfeita para a confluência de organismos sésseis e móveis, como é o caso das diferentes espécies de lapa que se afixam no substrato rochoso.
Profundidade: -0.1m | Temperatura: 19.4ºC | Pressão: 1,021 hPa
CONFRONTO
PRÓXIMO
Extremamente territorial, uma marachomba-babosa (Parablennius gattorugine) avança na nossa direção, confrontando a câmara com a intenção de defender qualquer invasor do seu território. A proximidade permite observar a sua coloração intrincada, assim como os apêndices ramificados que ostenta sobre os olhos.
Profundidade: -0.5m | Temperatura: 20.6ºC | Pressão: 1,061 hPa
UM SERENO ESPAÇO
DE CRESCIMENTO
A paisagem submarina da Ingrina, composta pela mistura de fundos rochosos e arenosos, muitas vezes intercalados em fendas e concavidades, funciona como local ideal à maturação de diferentes espécies de peixe oceânico. A baixa profundidade e constante fluxo de nutrientes atraem animais juvenis próximo da costa.
Profundidade: -0.8m | Temperatura: 20.1 ºC | Pressão: 1,146 hPa
VESTÍGIOS DE
NEGLIGÊNCIA
Na Ingrina, a presença humana é facilmente observável, dentro e fora da coluna de água. Impactos claros, como o descarte de lixo sobre o oceano, são visíveis ao longo do mergulho e em situações imprevisíveis, como é o caso destas tubagens, rapidamente assimiladas por cracas e outros organismos.
Profundidade: -0.3m | Temperatura: 20.6ºC | Pressão: 1,045 hPa
PRIMEIRAS
CONCLUSÕES
A Praia da Ingrina ilustra um interessante exemplo da ecologia litoral na costa algarvia. A sua geomorfolgia recortada, em muito fruto da litologia sedimentar cársica, serve como um bom ponto de comparação com as duas outras áreas de estudo da região. Em termos de conservação, esta enseada levanta algumas problemáticas, em muito alimentadas pelo excesso de turismo, atividades de recreio e pesca submarina, algo que pretendemos ilustrar com maior profundidade em expedições futuras.
A equipa do Okeanos planeia regressar à Ingrina já no próximo semestre com a missão de explorar uma maior área litoral. Saiba mais sobre o projeto e conheça os objetivos da presente temporada em: www.kosmonaus.org/pt/okeanos